sexta-feira, 26 de maio de 2017

Hexwyfe é uma novíssima banda que intitula seu estilo sonoro como women power. Formada no fim do ano passado (2016), apresenta em seu repertório músicas de bandas de formação feminina como L7, Heart e Vixen. Suas integrantes são Debs (vocal), Trix (baixo), Hell-Ga (bateria) e Mili (guitarra). Algumas delas têm trabalhos paralelos: a Trix toca também guitarra na banda GrouS, um power trio de metal que irá lançar álbum em breve. Hell-Ga toca guitarra na banda Dona Francisca (prestes a lançar um CD demo, tributo a Ney Matogrosso).
Fiz algumas perguntas às integrantes, indo desde a questão do empoderamento feminino até o trabalho musical. Confiram!

Rio de Metal entrevista banda de Women Power Hexwyfe
Da esquerda para a direita: Hell-Ga, Trix, Debs e Mili.

De onde vem o nome Hexwyfe?
Debs - Hexwyfe é um trocadilho pois a palavra hex é feitiço ou bruxa e wyfe tem a mesma sonoridade da palavra esposa, em Inglês. O som da palavra hexwyfe soa como ex-esposa. Ficou um trocadilho com a pronúncia e o significado.
Trix - Quando a Debs me contou o nome, na hora me veio na cabeça que a pronúncia Hex que em Português se fala Rex, me lembrou do Tiranossauro Rex, eu imaginei que seria uma ex mulher muito feroz e perigosa que tinha muito a ver com o nosso estilo musical.

O que é o Women Power?
Debs - É o famoso empoderamento feminino e no caso do rock isso é mais gritante pois chegou a hora de mostrar que as mulheres não podem mais servir de coisificação ou seja apenas um objeto de desejo masculino. As mulheres têm sim o que dizer e também demonstram técnica instrumental ou vocal.
Trix - No meu ponto de vista, todas as mulheres têm um poder em qualquer circunstância que elas queiram. No caso do rock, é mais rara a participação das mulheres tanto na execução da música, como na composição musical. Esta é a nossa forma de apresentar o poder feminino, no rock.
As mulheres sempre estiveram presentes na cena do rock, porém um dos estigmas é que elas devem ser "um dos garotos", ou seja, é como se a atitude agressiva e catártica do estilo não pudesse ser uma característica atribuída ao gênero feminino. Como vocês vêem isso?
Mili- Não é apenas no ramo da música que as mulheres precisam de uma atitude agressiva. No meu trabalho já fui obrigada a tomar este tipo de postura várias vezes, principalmente quando você é a única mulher de uma equipe.
Atualmente vejo que as mulheres ganharam espaço na cena musical. Se você prestar atenção, muitas mulheres famosas no rock não precisaram se masculinizar para ganhar espaço. Lita Ford por exemplo, é uma artista que explora seu lado feminino. As cantoras Tarja Turunen e Simone Simons são bem aceitas com a feminilidade que elas tem. Debs - Eu sempre fui pioneira em tudo o que eu fiz na vida. É muito desgastante!!! Quando eu comecei a tocar heavy metal eu tinha 13 anos e simplesmente não havia mulher tocando heavy metal no Brasil. Então fui obrigada a tocar instrumental para provar que eu sabia tocar (igual ou melhor que homem!!!) quando penso nisso me dá vontade de chorar!!! Hoje fico feliz de ver várias bandas de mulheres de diversos estilos.
Trix - Me identifico com o que a Mili e a Debs falaram, mas no meu ponto de vista não é a questão de ser homem ou mulher e nem pelo tipo de atitude tomada. Uma banda de homens que não representam bem aquilo que fazem perdem muito mais oportunidades que uma banda feminina.
Uma mulher que toma a iniciativa de tocar, tanto a avaliação quanto o respeito serão muito maiores. Se uma mulher dá a cara a tapa para fazer música, ela vai ter mais admiração e respeito pelo fato que as mulheres são minoria nas bandas de rock.

Visitando a fanpage de vocês, li que várias de suas covers são de bandas com marcante presença feminina ou mulheres com carreira musical não totalmente calcada no rock. Gostaria que falassem sobre isso.
Debs - Como a proposta é de women power obviamente priorizamos músicas de bandas femininas ou de artistas solos femininas também.
Mili - Esses dias descobri que uma das músicas que tocamos é original do Gary Moore mas o Nightwish fez um cover tão bacana e gravou um videoclip que nem desconfiei que fosse uma segunda versão.
Trix - A intenção é valorizar o woman power, queremos divulgar o nosso trabalho além de tocar os clássicos das bandas femininas.

Há mais outras influências sonoras que vocês acham importante mencionar?
Mili - Comecei tocando rock pesado e minha primeira banda autoral foi de Thrash metal com influências de Death Metal. Há um pouco mais de 6 meses, saí de uma banda de Thrash Metal. Agora estou pegando mais leve tocando com a Hexwyfe. Minhas influências foram marcadas pelas bandas Death, Sepultura, Anthrax, Pantera, Fear Factory, Nevermore, etc. Agora eu estou absorvendo novas influências, o que é sempre um aprendizado.
Debs - Eu venho do classic rock, sou fanática por Deep Purple e graças as meninas acabo escutando coisas novas. Minhas influencias femininas sao obviamente Heart, Girlschool, Stevie Nicks e daí por diante.
Trix - Minhas influências são Thrash, Prog, rock clássico e metal no geral.

Algumas de vocês têm trabalhos paralelos, com outros estilos musicais, inclusive. Qual a contribuição disso para o som da Hexwyfe? Esses projetos paralelos estão gerando “filhos” no momento…
Debs - Eu toco numa banda de classic rock chamada Born to be Wild, na verdade somos grandes amigos que quase viramos musicólogos de tanto que a gente ouve e pesquisa raridades, a proposta é totalmente diversa e por isso muito legal também.
Trix - Sempre compus na guitarra power e prog metal. Com a Debs comecei a tocar mais hard e mudou meu estilo de compor para a Hexwyfe.
Algumas de vocês são multiinstrumentistas. Como isso influencia na composição das músicas, conceito dos álbuns, etc?
Debs - Eu sou pianista de formação então para mim fazer as letras fica muito fácil porque escuto e vejo os compassos e a partitura se desenhando na minha frente então fica melhor o encaixe da métrica da letra.
Trix -Eu sou guitarrista, componho na guitarra, como havia dificuldade de encontrar uma baixista para a Hexwyfe, interessei-me em tocar o baixo. Componho desde os 12 anos de idade, tenho um projeto de prog metal no qual estou em pré produção de músicas que compus ao longo da minha vida. Para a Hexwyfe acabei tendo outras influências na forma de estruturar a música e continuo compondo algumas músicas na guitarra.

Contem sobre suas músicas autorais. Como se mesclam essas influências sonoras na expressão musical de vocês?
Debs - O mais legal na Hexwyfe é o processo conjunto de composição, todas colaboram.
Mili - As músicas autorais estão sendo feitas aos poucos. Trouxe algumas ideias de melodias de guitarra que eu havia criado com uma banda feminina que montei em Curitiba, a qual infelizmente tive que abandonar devido à minha mudança repentina para o Rio de Janeiro. Posteriormente, as integrantes desta banda não chegaram a um comum acordo para gravar um CD. Então reaproveitei ideias e as mesclo a uma ideia nova. A Bia também está com umas ideias de guitarra que já estamos trabalhando.
Trix - Minhas ideias de guitarra também estão sendo reaproveitadas de uma antiga banda que tive com a Debs chamada Domina. Agora estamos reestruturando as ideias pois estou tocando baixo e a Mili está adaptando as ideias para a forma dela de tocar.

Vocês já têm planos para lançamento de um álbum? Compartilhem alguma coisa sobre isso!
Mili- Isso toda a banda tem. Em breve lançaremos um vídeo da nossa primeira música autoral e futuramente teremos mais vídeos para as outras músicas.
Debs - Nós temos a tranquilidade de quem já toca há muito tempo, preferimos fazer as coisas com mais tempo e mais qualidade.
Trix - Estamos produzindo as músicas. Eu e a Mili já temos várias ideias prontas e estamos organizando estas ideias que inicialmente podem se tornar uma demo. Mas futuramente com uma maior quantidade de músicas poderemos gravar um álbum.
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