segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Ultraje a Rigor – Uma Banda Subestimada (Erick Leal)

O texto a seguir foi escrito por Erick Leal. Ele é baterista profissional e professor de bateria, dentre vários trabalhos, já tocou com as bandas Figurótico, Madame Zero, com o cantor Jorge Guilherme e com a Orquestra Sinfônica da CSN. Atualmente está com a banda Elektra e ministrando aulas no Instituto Musical Casa do Batera.



Tenho ouvido algumas críticas negativas sobre o Ultraje a Rigor que tem me deixado extremamente revoltado. Afirmações do tipo: “banda de ridícula”, “trilha sonora pra matinê de carnaval”, e até mesmo comparações do Ultraje com o Mamonas Assassinas (nada contra, mas a abordagem é BEM diferente) . 
A meu ver, a linha entre ser engraçado e ridículo é extremante tênue, e o Ultraje a Rigor (assim como o Raul Seixas) nunca ultrapassou essa linha fazendo críticas sociais, políticas e expondo panoramas da sociedade de forma satírica e - as vezes  - extremante ácida. Só para exemplificar, fiz uma rápida análise de algumas músicas.

Rebelde sem causa  –  Recentemente, ví em um programa de TV o caso de um garoto que tinha pais liberais e se sentia diferente em seu grupo por causa disso. Tanto que, em uma ocasião que os pais de seus amigos não os deixaram ir a um determinado show, o garoto disse que seus pais também não tinham deixado (e eles tinham) só pra não se sentir diferente. Essa é exatamente a situação descrita na música “Rebelde sem Causa” do Ultraje a Rigor, que é a história de um garoto que sentia falta de poder se rebelar como parte de sua formação.  

Ciúme – Após os anos 70, a sociedade se tornou mais liberal de uma forma geral (tanto na forma como via e aceitava  as relações amorosas quanto nas relações entre  pais e filhos). Mas essa transição não foi suave para todos, fato retratado na música “Ciúme”.  A música fala de um homem que sentia a necessidade de ser mais moderno e liberal em seu relacionamento, mas obviamente, se corroia de ciúme (fruto dos resquícios da educação machista da sociedade patriarcal).

Eu me Amo – Em geral, as canções de amor são autodepreciatiavas ( “eu te amo mais que tudo”,  “não posso viver sem você”, “eu queria ser a sombra do seu cachorro” .....).  Já música “Eu me amo” faz uma sátira dessas canções sendo uma “canção de amor” cujo o objeto de desejo é o próprio “eu”.  E o coral de filme da Sessão da Tarde ajuda ainda mais  a resaltar o humor da música. Anos mais tarde a banda Pato Fú fez a música “Eu” , cuja temática é bem parecida.

Inútil – Na minha opinião a maior música de protesto já feita no Brasil. De forma completamente subversiva e inteligente, critica alienação, a política, a sociedade e a visão que outros países tem do Brasil. Genial e - infelizmente – extremamente atual.

Independente Futebol Clube – Mais um retrato de como as relações mudaram de perfil na sociedade contemporânea, falando das relações abertas (ou como se dizia na década de 80 – amizade colorida) em que as pessoas não tinham um compromisso de fidelidade conjugal.

Nada a Declarar – Outra música genial que critica a falta de inventividade das produções artísticas atuais.  Remakes de filmes e novelas, versões de músicas antigas e apelações de cunho sexual pra compensar a falta de ideia. Infelizmente outra música relativamente antiga, mas que cai como uma luva para o atual panorama da música brasileira.


Bem, mais do que provado que o Ultraje a Rigor é muito mais do que uma “banda engraçadinha” e que Roger Moreira é sim um dos letristas mais geniais e injustiçados da música brasileira. Agora só pra provocar, alguém conhece alguma letra de bossa nova que não fale de relações amorosas? Ah, é verdade, tem “o Barquinho” e “O Pato”.  Essa última sim é trilha sonora de matinê de Carnaval, é só tocar em ritmo de marchinha.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Monstractor - perfil da banda e entrevista exclusiva


Monstractor é uma banda nova, formada no início de 2012. Da cidade de Resende, na região do Médio Paraíba. Nessa região onde se encontram as Agulhas Negras, há milhões de anos atrás, a atividade vulcânica era intensa, ou seja, tinha lava pra todo lado. Pra completar, Resende fica perto de Volta Redonda, cidade do aço. Afinal, esse é ou não um lugar bom pra sair banda de metal?
Os integrantes da Monstractor são os seguintes: Christian Klein (Vocal e baixo – Ex- Expantor, Ex-Beerseeker), Diego Monsterman  (Guitarra e solos), Mark Tractor (Guitarra) e Demetrios Maia (Bateria – Ex-Beerseeker).
Escutei o som dos caras e posso dizer que ninguém escolhe o nome de Monstractor à toa. Fazendo jus às demolidoras atividades tectônicas da região de origem, eles são verdadeiras máquinas de moer, passado por cima de tudo que encontram.
Um som bem executado, o que é muito importante. Parece feito pra formar diversas rodas diante do palco e fazer a casa tremer.
A programação visual da capa do álbum se encaixa como uma luva na proposta sonora da banda. Se os leitores gostam das ilustrações tanto quanto eu, podem confiar também na música.
As composições são voltadas pros estilos Thrash e Stoner Metal. Confesso que não consegui me ater muito às letras, mas os temas vão desde o caso ufológico do ET de varginha até o whisky, a vingança, as motos e os monstros.
Pelo que andei lendo, as gravações foram feitas de forma independente pela própria banda, à base de muita cerveja, Whisky e sem frescuras.
Quero saber como é isso, nada melhor que perguntar aos próprios integrantes.
Abaixo estão as respostas do Klein às perguntas que fiz.

E então, como foram essas gravações? O que foi feito em casa, ou no estúdio... Onde a cerveja e o whiskey ajudam  ou atrapalham? Rs!
A bebedeira é inerente à banda, se a gente se reúne a gente bebe, não importa a ocasião, e no caso das gravações, acaba que a gente se empolga e bebe um pouco mais..ehehehhe .Na verdade isso deixa a coisa toda mais despojada, sem tanta cobrança e o som flui de uma forma mais direta que o normal. Não tem muito o que explicar. O lance é ter um conhecimento de programas de gravação, ter um equipo decente de captação , saber tocar e ter composições e fígado pra isso.
Mais importante que o SONAR, SOUNDFORGE e etc...são as latas de cerveja e o velho Jack Daniel's.
Eu sou cursado em produção musical e o Diego (Monsterman) manja muito... É um ótimo produtor bêbado ahauhauha.... Ele é técnico de informática e também trabalha com produção musical, as músicas do Monstractor foram gravadas e produzidas por ele. Na boa, ele faz tudo sozinho, a gente só toca... e depois nas mixagens vamos acertando como a banda prefere deixar as coisas.
Tudo foi gravado na maioria das vezes de madrugada no meu estúdio de tattoo, sem frescura mesmo. AUTÊNTICO  e até com algumas visitas à “DONA GLICOSE” ao hospital.  Nosso Roadie e vocal do SIDEROSIS que o diga. Glorioso Seagal Metal! 


Considero o nome da banda uma escolha muito feliz: curto, impactante, e resume bem a proposta sonora de vocês. Como foi que ele surgiu?
Inicialmente seria TRACTOR, pq meu carro fazia barulho de trator por causa de um furo no escapamento, e aquilo virou piada...depois veio a idéia de fazermos uma banda que tivesse a intenção de atropelar os obstáculos e deixar uma impressão esmagadora no som, atropelar tudo que viesse pela frente, então juntamos a idéia do carro e do trator passando por cima de tudo, o que na verdade veio a calhar, pois a idéia inicial nossa era tocar um som voltado pro stoner metal texano, um lance meio que caipira mas ao mesmo tempo pesado. Trator combina com isso!!. Mas aí eu tive a idéia de mesclar o trator com algo de mais impacto.. e no caso, a alma dessa banda é o Monsterman e sua guitarra maldita, então fiz a junção dos nomes. MONSTRACTOR.

Me contem um pouco sobre a arte da capa, do logo...
Bom, essa é uma parte legal,  pois desde que surgiu o nome MONSTRACTOR, uma espécie de mascote também surgiu na minha mente, eu sou desenhista e tatauador, mas eu não queria uma visão única da coisa, eu tava procurando alguém que fosse capaz de colocar a minha idéia no papel... alguém com talento e que conseguisse captar a intenção da idéia sem minha interferência visual ou artística.
  Foi aí que rolou uma doidêra do destino, a poucos meses antes, eu havia descoberto a banda SAKRAH de SP, e fiquei fã dos caras...viciei na música "fight bar" e troquei idéia com o Maurício Bertoni (baixista) , acabamos ficando amigos pois ele também é tatuador e curte os mesmos sons, e mais adiante conheci  o Leandro Novo (vocal do SAKRAH).
  Porra, o cara além de um puta vocal, é artista gráfico foda, vi uns trampos dele no FACEBOOK e fiquei maluco... era o estilo que eu procurava. Quando eu vi os trampos dele, imediatamente perguntei se ele topava fazer essa capa, passei pra ele a idéia do que eu tinha pensado, um TRATOR MONSTRO, tratamos dos valores e o resto foi com ele, pois felizmente esse cara além de grande artista, é um cara fora de série, gente boníssima é de um talento bizarro, além de dispôr de uma atenção e paciência raras.
Pois bem... ele conseguiu captar a idéia exata do que eu queria e fez um trampo incrível, além de ter criado uns papéis de parede pra banda, os banners pro facebook, e ter dado um tapa na "logo" que eu havia desenhado e criado. (Recomendo fortemente o trabalho do Leandro pras bandas que quiserem contratar o trampo dele, no final deixo o contato.).
Por fim....o legal é que a partir daí também estamos trampando pra que as duas bandas se encontrem em breve num evento aqui na região e outros por aí à fora. Um Salve aos caras do SAKRAH! Banda do caralho!

Como vocês me mandaram também a entrevista que concederam à Overmetal em 21 de fevereiro de 2013 e disseram que eu podia aproveitar algo de lá, resolvi destacar uma das perguntas (muito legal, por sinal) por dois motivos: tem um trecho que acho importante, se considerarmos a segurança das pessoas envolvidas em shows (já basta aquela tragédia que aconteceu em Santa Maria por causa de fogos; nesse outro post aqui falei sobre isso e sobre rede elétrica, confira), e o restante da resposta é especialmente interessante pra quem tem banda ou quer formar uma... Aí vai: Você fez parte das extintas Expantor e Beerseeker - toda experiência proporciona lições - enfim no mínimo já sabe qual o caminho não trilhar mais - quais as lições aprendidas?
 Recentemente aprendi uma boa, aterramento do equipo no palco. Tomei um choque que poderia ter me matado há pouco menos de um mês, e estou me tratando pra me recuperar. Ou seja.. uma boa lição é verificar isso e proteger a integridade física da banda em shows underground.
As bandas anteriores me ensinaram várias coisas, mas vou citar as 5 principais:  1- Banda só dá certo se todos pensam igual e tem o mesmo objetivo, talento e carisma.  2- Banda é trabalho, não é hobby. É preciso ter humildade, mas também não deixar desmerecerem seu trabalho.  3- Não adianta querer mostrar algo que você não é, a coisa toda tem de ser autêntica.  4- Não confiar em todas as pessoas que se aproximam com a proposta de ajudar, existem muitos lobos em pele de cordeiro, produtores falsos, gente aproveitadora que se faz e explora o trabalho alheio.  5- Não adianta montar banda com desconhecidos... todos devem ser amigos, pois se tornam uma segunda família (ou até 1ª).

Influências:
Black label Society, Slayer, Sepultura, Pantera, Down, Alabama Thunderpussy, Spiritual Beggars, Chromme division, Claustrofobia, Exodus, Metallica, Megadeth


Pra conhecer mais da banda:
http://tramavirtual.uol.com.br/monstractor
http://www.youtube.com/user/Monstractor

Pra conhecer o trabalho do Leandro Novo, que fez a arte pra banda:
http://www.facebook.com/leandro.novo.52?fref=ts

Pra conferir a entrevista à Overmetal:
http://overmetalezine.blogspot.com.br/2013/02/monstractor-ao-monstro-ao-trator-e-ao.html

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Aniversário da Quality Music Web Radio - Resenha

A festa contou com a presença das bandas Unmasked Brains, Monstractor, Stodgy e Signatus, escolhidas a dedo pelo Vanderley, que toca a webradio.
O espaço tinha um tamanho bem adequado e arejado, pois contava com uma área externa. O Palco era excelente, amplo, com um elevado para a bateria, o que rendeu belas fotos dos rapazes que quase sempre ficam escondidos. Permitia uma boa movimentação dos músicos e colocação dos panos de fundo.


A pista também era muito boa, com os pilares apenas nas laterais. O Mezzanino também foi bem explorado, pois quem cobriu o evento (como eu) pôde usá-lo para tirar fotos, além de estarem lá luzes complementares às do palco. Aliás, a iluminação deu um show à parte, como se pode conferir nas fotos.

Clique aqui e confira todas as fotos que o RM tirou do Aniversário da Quality Music Web Radio!!

O espaço era realmente muito bom, mas o problema é que reverberava. Tobias no entanto, fez quase uma mágica, pra conseguir melhorar a qualidade e deixar o som menos embolado. Ele que estava na mesa, dando conta da difícil tarefa de melhorar a acústica do lugar. Sei que ano que vem estará mais cheio, o que vai melhorar muito o som! (aí, Vanderley! Quero mais um!)


Banda Signatus
  A noite começou com a banda Signatus, tocando covers com muita competência; abriram com  uma do Peter Frampton que não estava no setlist. Ouvi falar que estariam em breve lançando um trabalho autoral, gostaria de conversar com a banda a respeito. A julgar pela qualidade da execução das covers, deve vir coisa boa por aí.

Banda Stodgy
 Em seguida, veio a banda Stodgy, com seu som pesado e vocais vindos diretamente das profundezas do inferno. Fizeram bonito e a platéia respondeu muito bem. Também acrescentaram uma surpresa no seu setlist, uma versão porrada de Paranoid (Black Sabbath) que eu curti bastante.

Banda Unmasked Brains
 A terceira banda foi Unmasked Brains, ainda totalmente desconhecida do público local. Com sua energia, conseguiu conquistar uma parcela do público, que foi pouco a pouco aparecendo diante do palco. Lá pela terceira música já tinha um bocado de gente curtindo a performance da banda. LGC estava melhor que nunca, chamando a atenção de diversos espectadores.

Banda Monstractor
A banda Monstractor encerrou a festa com sua performance animada e convidativa. Como já imaginava, era mesmo perfeita para fechar a noite. A pista voltou a encher e a banda foi muito bem recebida, correspondendo à platéia.

Devo dizer que todos os músicos eram excelentes. Dou um destaque extra aos bateristas, pois atualmente, apesar de no geral esses instrumentistas serem melhores que há alguns anos atrás, acho que nunca vi um evento desse tipo onde todos fossem tão bons. Sempre rola uma exceção, mas nesta noite todos foram perfeitos.

Quem organizou o evento está de parabéns. Alem de tudo ter corrido muito bem, me senti entre amigos. Não vejo a hora de voltar!


Abaixo, estão os setlists que recebi. Monstractor e UD, se quiserem, mandem os de vcs, que publico aqui.

Setlist Stodgy
South of heaven (Slayer)
Seeking for war
Death Revolution
How to philosophise with a hammer
Violent Revolution (Kreator)
Terrorist
Blood Vengeance
Plague of God
Territory (Sepultura)


Setlist Signatus

Black Country
The Wicker Man
Perfect Strangers
Limelight
Breaking The Law
The Spirit of Radio
Yyz
Don’t Talk to Strangers
Iron Man
Fear of The Dark
Rock n’ Roll

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Transformando logos a favor do underground!

Representar um nome, ideia, produto, empresa, instituição ou serviço através de um conjunto de elementos e ainda torná-lo algo que agrade muita gente é missão para poucos. Também não é fácil criar o conjunto de anúncios que compõe uma campanha publicitária...
Os meios de comunicação (especialmente as redes sociais) estão mudando o formato das campanhas publicitárias divulgando produtos, marcas e conceitos por vias tipo boca a boca. É, eles querem que você se identifique profundamente com o produto, que você se sinta parte dele. Aposto, por exemplo, que muitos já andaram espalhando por aí imagens de uma certa latinha de refrigerante, só porque seu nome apareceu estampado nela...
Decidi então brincar um pouquinho: trazer as campanhas para algo que tenha a ver comigo. Pesquisei imagens de produtos que não estão ligados à música e os trouxe para a cena underground, transformando a obra original em algo novo:

É, eu sei que essa é batida...

Amo muito mesmo!

Na minha humilde opinião, a mensagem da campanha da
Brastemp se encaixa perfeitamente no underground...

Pra quem tem um perfil assim, mais cult, que tal uma sopa cultural?
Uma homenagem a Andy Wahrol e seu famoso trabalho com a
lata de sopa Campbell não podia ficar de fora.

Ainda seguindo a linha do Pop-Art, uma homenagem a outro ícone
desse impactante movimento, Roy Lichtenstein. E também às
namoradas dos integrantes das bandas, que ficam hooooras
esperando que eles saiam dos estúdios.

Não se trata de algo realmente inovador fazer esse tipo de variação, até porque o Facebook está repleto delas. Algumas dessas subversões de marcas, no entanto, tiveram algum destaque na mídia. Se você tiver intresse, leia mais aqui:



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