quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Produzir pra valer

Edu Falaschi (Almah, Angra), no festival do Metal Nacional, fez um depoimento polêmico, pra dizer o mínimo, sobre a situação do Heavy Metal no Brasil. Falou da ausência de fãs nos shows nacionais, no círculo vicioso que faz decair a qualidade do trabalho dos músicos, etc. É verdade, não há muitos lugares onde se apresentar, e esses poucos nem sempre podem oferecer uma infraestrutura ideal para receber músicos e ouvintes. Os músicos ganham cada vez menos (quando ganham) e sobra pouco dinheiro para a compra de equipamentos e ensaios em estúdio. Diz ele que a culpa é dos fãs, que não frequentam esses lugares, não investindo no cenário local. E que não compra os CDs. Serão mesmo apenas os fãs, os culpados? Aliás, será que dá pra apontar o dedo na cara de alguém e dizer que essa ou aquela pessoa é culpada pelo atual estado do cenário underground?

Quem gosta de som pesado tende a ser um pouco mais exigente que a média, e não necessariamente dispõe de dinheiro pra sair todo fim-de-semana. Quando pode, economiza uma grana para ver um show de maior estrutura, e aí fica um tempo sem ver os shows menores. Fora isso, não é um público muito grande. Pense: a não ser que você esteja diretamente envolvido com o meio, a maioria das pessoas em sua volta gosta de outros gêneros musicais, como o pop, a MPB, o rock, o samba, o axé... Poucos curtem metal e menos ainda o jazz, o clássico...

Por que temos que gostar de um tipo de música que não se manifesta em cada esquina, através de batucadas e melodias simples, de um pouco de descolorante no cabelo, pandeiro e cerveja na mão? Não, temos que ouvir guitarra, baixo e bateria a 180 BPM, bem alto e preferencialmente bem tocado, num lugar que preserve a integridade de toda a parafernália envolvida. O resultado é um programa cultural qeu atinge poucas pessoas. Difícil concorrer, né? E como já mencionei, não é "privilégio" do metal. É uma dificuldade que várias vertentes musicais têm para atingir as massas.

Dia desses, esbarrei com o anúncio desse programa no blog de um Instituto chamado Cidade Viva (http://www.institutocidadeviva.org.br). Inevitável pensar sobre o cenário Underground e seus percalços, caminho difícil a ser trilhado.

Me inscrevi no curso gratuito e estou gostando.

Óbvio que um programa de cursos por si só não resolve o problema de um cenário que não consegue se firmar e alcançar um público fiel. Mas quem sabe pode dar algumas dicas de como fazer vender o som que gostamos de ouvir e produzir. São oferecidos diversos cursos; como já disse, um é deles gratuito. Também são oferecidos: um fórum de discussão e um ambiente wiki, onde se pode criar páginas sobre manifestações culturais diversas. Dica: ainda não tem os verbetes Heavy Metal e Underground...

Vale a pena a visita.

http://produzirparavaler.com

Cursos
Produtor Cultural - Quem é este personagem? - Gratuito
Ambiente Cultural - Onde, como e quando a cultura acontece
O mapa da mina - Como obter sucesso com o empreendimento cultural
O projeto - A invenção de um evento, produto ou serviço
O Marketing é o seu negócio
Organização de Eventos

5 comentários:

  1. Entendi o problema que você expôs no post, do Heavy Metal não ser um estilo musical difundido pela massa e por isso não contar com uma grande quantidade de público e pouco apelo midiático.
    Mas o fato é que fãs de Metal existem, e não são poucos, assim como tenho observado ultimamente uma grande quantidade de opções de eventos e a preços bem singelos, ou seja, não é por falta de público ou de espaço, não acho que o problema seja bem por aí.
    Concordo plenamente com uma maior ocupação do espaço Urbano do Rio de Janeiro pelo Heavy Metal, e que de alguma forma ele se faça mais presente, podemos pensar em forma de fazer isso. Quanto mais pessoas como você se mobilizarem pela causa, buscando se especializar de alguma forma para agirem em prol dessa causa, mais próximos chagamos desse objetivo.
    Vamos colaborar com os verbetes do Wiki (não os conheço).
    Parabéns pelo post, estamos juntos na luta pelo underground.
    Natália R. Ribeiro

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  2. Natália, excelente comentário! O Metal com certeza não é o estilo musical menos difundido no Rio, mas ainda está longe de poder competir com os mais populares... Digo isso como mera observadora, de quando estou transitando por aí, nos ambientes que frequento. De vez em quando perebo vazar um pouco de metal e rock de alguns headphones no metrô, umas camisetas de bandas na academia... Mas no meu trabalho, por exemplo, de 30 funcionários, só eu gosto de metal.
    Quanto ao espaço na mídia, acho que ele pode ser desbravado aos poucos, começando com matérias pagas, um recurso que, sinceramente, não sei dizer se anda sendo explorado. Tem espaços publicitários de todos os preços, e é assim que o mainstream funciona, por que não aplicar a técnica ao undergorund?
    Muito obrigada por participar! Está sempre bem-vinda!

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  3. Sigried, gostei bastante do q vc escreveu e concordo com tudo. Não acho q seja somente culpa dos fãs q não tem frequentado os eventos, mas sim d um todo (fãs mal informados, bandas que fazem trabalho mambembe, etc.). E como vc falou: nessa lugarzinho chamado Brasil, espaço pro heavy metal é escassoo, por parte do preconceito da maioria das pessoas com relação ao metal e pq ainda sim mtos metaleiros tem aquela cabeça de que "bom quando é totalmente underground", ou seja, bom é quando ninguém conhece. Aí ficam centenas de showzinhos isolados, sem um verdadeiro trabalho de marketing e divulgação disso. Acho q deveria haver maior visão empreendedora no meio metaleiro, no sentido de: eventos com patrocínio e uma boa divulgação, a ponto de Deus e o mundo ficarem sabendo. No Brasil existem milhões de fãs de Metal, e mtos não se interam por falta de mais eventos DE QUALIDADE, por falta de divulgação de shows, por falta de informação de como vc divulgar seu trabalho de forma PROFISSIONAL: encarar a sua banda ou seu evento como algo rentável, que chame público, que venda! Acho q os integrantes de bandas em geral devem ser isso hoje: bons vendedores. Precisamos de eventos com mais qualidade de infraestrutura, mais profissionalismo em divulgação, pq pessoas que querem frequentar um bom espaço de heavy metal, garanto que isso não falta! :D

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  4. Acredito que o marketing adequado é o que falta! Tem muita gente bem intencionada, talentosa, disposta a realizar um bom trabalho mas que não consegue divulgar propriamente o que faz.
    A Internet é uma tremenda ferramenta de divulgação, quando bem usada, por exemplo. E a cada dia surgem novos espaços na mídia, como por exemplo a de distribuição gratuita (Destak, Metro, revista do Metrô, etc).
    Tem que encontrar um bom espaço, que atinja o público certo, e investir.

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  5. Qto mais vc tiver uma visão empresarial com sua banda, acho q maior chance vc tem de não se dar mal e de conseguir mais fãs!

    Foda é a grana né! rsrsrs

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