quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Entrevista: Plastic Fire

O quarteto surgiu há uns 7 ou 8 anos, no subúrbio carioca, em Madureira. Nesse tempo, já rodaram um pedação do país, com seus shows enérgicos, da perfeita comunicação público-banda e seus registros. Atualmente a formação conta com Reynaldo (voz), Daniel (guitarra), Felipe (bateria) e Marcelo (baixo).
Conversamos sobre suas andanças, a interação com os divérsos públicos que encontraram, crowdfunding... Confiram a entrevista exclusiva pro Rio de Metal! :)

Imagem copiada daqui.
1- São 7 anos de estrada e aparentemente a banda permanece com a mesma formação, certo? Isso é muito legal! Deve ter muita história pra contar... Quer partilhar alguma?
(Daniel): Isso, 7 para 8 anos de muita intensidade,  de inúmeros momentos bacanas e outros nem tanto, mas tamu aí, firmes a fortes! Sobre a formação, essa é a quinta e melhor até agora na minha opnião !! É que esta durando mais tempo também, já fazem praticamente 4 anos que o Felipe e Marcelo entraram pro time! Tocar e estar junto todo esse tempo ajuda e muito, estamos nos entendendo muito bem (em todos sentidos, de pessoal a musical), espero que isso dure por muitos anos ainda. Agora as histórias são inúmeras até pelo fato de sempre estarmos viajando bastante. De interessante, destaco nosso última passagem pelo Nordeste, aonde além dos ótimos shows, fizemos uma ótima tour gastronômica também, trouxemos nas malas mais amigos e mais uns 5kilos também. Destaque para o rubacão com fava.
(Marcelo): A nossa primeira vez em Curitiba (março de 2011) foi inesquecível. A recepção que tivemos por lá nos surpreendeu muito, não imaginávamos aquilo, já que ainda tínhamos aquela ideia errada de se levar pela "fama" das pessoas da cidade serem frias, fechadas, além de ser uma Verdurada (evento de hardcore ligado a cultura straight-edge e vegan). Não somos nem um nem outro, respeitamos muito, porém ficava aquela interrogação de como seríamos tratatos - e era nossa primeira vez nesse tipo de evento também. No fim, deu tudo certo, fomos muito bem recebidos, o show foi mais que especial e fizemos bons amigos que duram até os dias de hoje. (obs: há no youtube um vídeo desse dia)


2- Para o álbum mais recente de vocês, foi promovida uma ação de crowdfunding. Conte sobre a experiência.
(Marcelo): Após muita conversa sobre gravar/lançar um disco novo, percebemos que seria inviável fazer por nossa conta. Uma vez que CD não vende mais como antes, hoje em dia os selos independentes não investem mais do que a prensagem do disco. Os mesmos selos que acabaram lançando o disco (Urubuz Records, Burning London e Spidermerch) já tinham demonstrado interesse antes mesmo de começarmos a gravar. Mas é aí que veio o problema: selo pra lançar já temos, mas onde iremos arrumar dinheiro para a gravação/mixagem/masterização (repetindo a parceria que deu certo no último disco: Estúdio Superfuzz com Gabriel Zander na produção)? O Felipe (baterista) foi o primeiro a comentar sobre fazer um crowdfunding. Eu já tinha visto alguns projetos do tipo, como os dois que o Autoramas fez com sucesso para lançar um CD e posteriormente um DVD de uma turnê internacional. Por fim, decidimos que essa era a única saída, sendo a primeira banda de hardcore a fazer isso no Brasil, se não me engano. Fizemos tudo com a maior clareza possível para as pessoas entenderem como é o processo de lançar um bom disco, deixando claro que somente isso nos interessava: gravar. Nenhum centavo viria pro nosso bolso, tudo foi especificado para onde ía. Fizemos pacotes bem acessíveis, indo de 10 à 300 reais, e “recompensas” de acordo com o valor dos pacotes, entre elas: nome no encarte, CD, camiseta, poster... tudo exclusivo para os participantes do projeto. A galera comprou a briga e, faltando 1 dia para encerrar, conseguimos atingir a meta.

3- E o processo de criação, execução e distribuição desse ultimo álbum, o CidadeVelozCidade?
(Marcelo): O processo de criação de CidadeVelozCidade começou logo depois do lançamento do álbum anterior (A Última Cidade Livre), no fim de 2010, época que entrei pra banda. Mesmo com as constantes turnês de divulgação desse disco e posteriormente do split Chumbo (2012), nunca paramos de compor.
Como adiantei na pergunta anterior, repetimos a dose do útlimo disco produzindo, gravando, mixando e masterizando no Superfuzz com nosso amigo Gabriel Zander, também membro do Barizon, no qual eu e Felipe fazemos parte. O projeto gráfico também foi feito pelo Flavio Flock (Jason), e a distribuição por conta dos selos Urubuz Records, Burning London e Spidermerch.

Foto daqui.

4- Assisti a um show da Plastic Fire na Audio Rebel e me chamou muita atenção a forma de dialogar e interagir com o público: pareciam todos uma grande família. É sempre assim com vocês, é? :)
(Daniel): Os shows na Audio Rebel sempre são especiais, não só pela representação que o local tem para o cenário independente local, digo, quando fazemos algo especial também ajuda e muito para tornar a data única e marcante. Posso citar como exemplo a gravação do registro ao vivo (2011), um clipe ( já em 2012, que acabou não dando muito certo) e o primeiro show pós-lançamento do novo álbum (último e mais recente). Não sei se a definição ao certo seria de família, mas a maioria é amiga sim, uns conhecemos bem e somos mais chegados, outros não! É prazeroso demais saber que pessoas se conheceram em um show nosso e a partir dali desenvolveram um vínculo de amizade, saber que alguns tiveram o primeiro contato com o underground de verdade através de um evento organizado por nós, isso significa muito, é tão importante quanto o show em si, até pq aqui não tem essa de '' fã'' não! A gente sabe (pq faz questão de saber) quem cola nos shows,  seja em Belém, Curitiba, São Paulo, Fortaleza ou RJ por exemplo, a idéia é nos aproximar-mos ainda mais de todos que se identifiquem com a parada. Acho que quanto mais próximos estivermos da galera, melhor, vide a vitória que obtivemos no projeto do financiamento coletivo de CidadeVelozCidade.

Foto daqui.
5- E os shows fora do estado do Rio, como são? Há uma relação diferente com o público ou é por aí?
(Marcelo): É bem parecida, principalmente com quem já conhece a banda. A galera chega junto, canta, agita, da stage dive... assim como é aqui. O que muda um pouco é a reação de quem ainda não conhecia a banda. Dependendo do tipo de evento e da cidade, sempre tem aquela turma de jovens que ta começando no rock e aí qualquer coisa rápida e pesada que tocar eles vão agitar. Isso acontece geralmente em eventos que mesclam vários estilos de rock ou em cidades de interior, que não costumam ter tantos shows. Já na grandes capitais, como São Paulo – apesar de já termos um público legal por lá -, a reação de quem não conhece é um pouco diferente. Ficam mais sérios, braços cruzados, analisando. Mas é normal, estamos acostumados, principalmente se for num show com bandas um pouco diferente da gente. Mas as vezes, num caso desse, a pessoa tá lá toda séria, aí chega no fim do show e vem falar com a gente, elogia, troca ideia.
E em relação a nossa postura não muda nada, é a mesma coisa sempre. Como você viu, o Reynaldo tem uma grande presença de palco, é muito comunicativo, virou uma marca da banda.

Foto daqui.
6- O espaço é de vocês, se quiser acrescentar mais alguma informação, fique à vontade!
(Marcelo): Só temos a agradecer por você e pelo Blog abrirem espaço para todas as vertentes do rock aqui no Rio, principalmente às bandas autorais. É de pessoas assim que a cena precisa, das que ajudam a somar e não segregar. Já estive aqui com o Barizon e agora com o Plastic Fire. Espero voltar outras vezes. Vida longa ao Rio de Metal.

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